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Quando o peso é maior do que a gente pode carregar


Gente do céu! AHUSAHUSAHSAU… Isso me fez lembrar do meu primeiro emprego. Eu não sei se já comentei aqui, mas meu primeiro emprego foi de catadora de laranja. Fiquei numa alegria danada quando comecei trabalhar., estava super empolgada. Daí chegamos na roça e todo mundo começou comer COMIDA, era 7 horas da manhã, já estranhei, né! Mas esperei a galera comer pra eu ir para o meu eito. Chegando lá, me apresentaram aos utensílios que eu teria que usar e eu fui trabalhar.
Minha gente! Pensa numa desgraceira, AHAUSHUASHUA.
O serviço tava ruim, dai falaram que mudaria pra melhor, mas parece que piorou.
Os caras que jogam os sacos de laranja na carreta passou no meu eito e de repente um dos camaradas começou a rir sem parar, eu fiquei tipo: O que esse cara tá fazendo? Bom o cara riu bastante e depois que tomou fôlego ele me disse que eu estava usando a alça do saco de forma errada. Eu estava usando o gancho da alça na parte que era usada pra pegar a sacola, e não no ferrinho que era pra encaixar a alça. Com a alça nos lugares certos a sacola ficava com a boca aberta.
Eu até percebi que tava difícil da laranja entrar dentro da sacola, mas achei que era normal.
Depois da maneira sutil que o cara falou, eu aprendi e comecei a fazer do jeito certo. Mas a desgraceira não terminava aí. Tinha que pegar as laranjas das pontas também, é claro, né? Então, daí que fui apresentada a uma escada de ferro de uns 15 quilos. A escada não era problema, o problema era descer dela com quase 30 quilos de laranja. Minha gente, eu tinha 17 anos, e nunca tinha feito nada mais pesado que varrer uma casa. Adivinhem o que aconteceu? Como ninguém vai acertar que eu caí umas 7 vezes com a sacola me jogando para baixo, eu vou contar. Caí mesmo. De maduro. Que nem abacate quando está passando do ponto. A sacola parecia que tinha vida própria.
No começo foi complicado, mas acreditem se quiser eu fiquei boa no negócio.
O trabalho era puxado, mas eu adorava as pessoas que trabalhavam comigo. Pensa num povo feliz e que comem bem.
A galera sempre levava comida pra mim. Tinha uma senhora que me levava pudim. O outro levava abóbora cabotiá refogada e bem apimentada, que eu amo de paixão! A mãe dele fazia um potinho pra ele e outro para mim. Um, encanto de pessoas. Tinha outra que levava roquinhas com leite condensado e coco. Era tanto carinho e tanto amor que depois que eu comecei a trabalhar no comércio eu senti saudades. Saudades da simplicidade e das coisas humildes.

Ana Paula: Tenho 31 anos, sou casada com Fábio desde 2002, sou mãe do Benjamim que é um presente enviado dos céus, o balsamo que cura minhas feridas. Amo ler, assistir filmes e seriados, enfim isso é tudo!