Eu sempre achei coisa de retardado, quem tenta matar rato com tiro. Mas isso mudou. Esses dias entrou um rato aqui em casa, eu vi ele entrando e até achei bonitinho, apesar de achar que fosse um coelho de tão grande. Mexia as orelhinhas e tudo, até dei risada dele dando uns pulinhos, mas isso mudou rapidinho. O camarada correu atrás do balcão e sumiu. Entrei em panico por causa do meu sofá. Eu comprei um sofá depois de quase 15 anos de casada. Minha cozinha é aquelas que é integrada com a sala, então fiquei desesperada. Fechei a porta do corredor e fomos tentar encontrar o rato. Nada de achar. Meu esposo conseguiu uma ratoeira e colocou queijo com mais alguma coisa que eu não lembro. Só sei que estávamos no quarto e escutamos a ratoeira e fomos lá. Gente do céu! O bichinho gritava, gritava que nem porco. Meu esposo segurou com a vassoura e eu catei um pano de chão e tentei esmagar o bichinho e ele não morria. Ele gritava e eu chorava de dó, de medo e de nojo. Foi uma eternidade para ele morrer, gente. Não me orgulho disso, mas não posso morar com um rato de esgoto que parece o Mestre Splinter.
O sentimento é igual ao do João Victor. Crise existencial.